O debate sobre a incorporação de medicamentos como Ozempic e Mounjaro ao SUS divide opiniões. Entenda os desafios, custos e posicionamentos em torno do Projeto de Lei 2264/24 e o acesso a tratamentos para obesidade na rede pública.
Nos últimos meses, o debate sobre a incorporação de medicamentos para obesidade ao SUS tem ganhado destaque. A discussão gira em torno de substâncias como semaglutida (comercializada como Ozempic) e tirzepatida (conhecida como Mounjaro), amplamente utilizadas no controle do peso e no tratamento do diabetes tipo 2 — e que vêm sendo chamadas popularmente de "canetinhas emagrecedoras".
O Projeto de Lei 2264/24, atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados, propõe a inclusão desses medicamentos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename). O argumento central é a eficácia já reconhecida no combate à obesidade, uma condição crônica que afeta milhões de brasileiros e exige acompanhamento contínuo.
Apesar do avanço do projeto, a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) emitiu parecer inicial contrário à incorporação. O principal obstáculo é o custo elevado: no caso da semaglutida, por exemplo, o impacto financeiro estimado pode ultrapassar R$ 7 bilhões em cinco anos. Outro ponto levantado é a necessidade de suporte multidisciplinar, com orientação nutricional e psicológica — algo que ainda representa um desafio estrutural no sistema público.
Com o crescimento do uso indiscriminado dessas substâncias, especialmente por influenciadores digitais, foi estabelecida a obrigatoriedade de receita médica para sua aquisição, como forma de combater a automedicação e os riscos associados ao uso sem acompanhamento profissional.
Agora, a proposta segue para consulta pública, permitindo que profissionais de saúde, instituições e cidadãos contribuam com opiniões técnicas ou experiências vivenciais. A decisão final caberá à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde.
Enquanto isso, cresce a pressão por alternativas eficazes e acessíveis no tratamento da obesidade dentro da rede pública. Entidades médicas alertam que, atualmente, o SUS oferece apenas tratamentos não medicamentosos ou a cirurgia bariátrica — que, além de invasiva, é de difícil acesso para grande parte da população. Para muitos especialistas, negar o acesso a medicamentos eficazes é negar um cuidado mais completo a quem mais precisa.














